miopia

a miopia das emoções
se instaurou de pronto
trazendo sensações
mas não vejo o ponto

melancolia

a melancolia que se instaura
sinto juntamente aos farelos
do coração vazio sem sentido

confiar

acompanho um desconhecido
que talvez eu possa confiar
esta escura noite sozinho
mas me engano com o sol a brilhar

impedido

o que me impede de prosseguir
se tudo tenho sem pedir
o que eu faço pra impedir
se a vida me pede pra seguir

desistir

às vezes sinto vontade de desistir
mas não estou certo do que é existir
se eu existo, posso desistir
mas se desisto, deixo de existir

chuvosos

chuvosos são esses dias
de gosto amargo
escorrendo pelo vidro
soluçando aquele desespero
com medo da nuvem não dissipar

perene

frágil somos
tão perenes
no limiar da existência

mostra

esse filme já passou
naquela mostra da cidade
que não mostra no jornal
mas que mostra um real
aquela monstra dignidade
queria um drama de final feliz

destrói

acostuma-se com a dor no peito
que se repete continuamente
nessa viagem de rumo estreito
que me destrói internamente

closed

fecho minhas portas para o mundo
não há espaço para outro sentimento
mesmo que vazio meu corpo se encontre
e ainda esteja aberto àquele envolvimento

escolhas

lágrimas escorrem banhadas pelo luar
questionando as escolhas com pesar
mas solitário encontro-me a pensar
quem me dera eu pudesse voltar

parte

falta uma parte em mim
talvez seja o amor que você levou
ou aquela fenda já existente
não sei qual vazio que me dói mais,
mas sei que falta uma parte em mim

pesadelo

acordo assustado novamente
com um pesadelo recorrente
o risco de morte é iminente
a dor explode de repente

exacerbada

encosto a cabeça no travesseiro
ultimamente tão pesada
a ponto de eu não me enxergar mais
nessa realidade exacerbada

tempo

o tempo que passou
é mais tempo que percebi
mas o tempo que senti
é muito mais tempo que passou

esquecimento

tenho medo do esquecimento tenho medo de não lembrar tenho medo de não ser lembrado lembro do medo de ser esquecido esqueço de lembrar daquele medo

surto

o sol caminhou sereno
a conversa era senil
o dia foi normal
a emoção era imensa
o sentimento era real
a razão era escassa
o equilíbrio já foi melhor
a intenção era boa
o resultado foi devastador
a palavra era aflita
o gesto era apavorador
a minha imagem me deu medo
o meu eu era só torpor
esse foi o dia que surtei

sol

é triste não ter mais seu brilho
nem sentir mais seu calor
quando o sol se vai
vem a lua enigmática
de brilho refletido
para nos lembrar
que o sol nasce novamente

colorido

que sorte a minha, pensei
uma joaninha, observei
cores para meu mundo, você me trouxe
e muitas alegrias presenciei

leve quero você
como sempre, cheia de cores
capaz de alegrar mundos afora
e fazer superar todas as dores

obrigado

obrigado

Obrigado por todos os momentos

Ficarão guardados dentro de mim
Agradeço por esses sentimentos
Que quisera eu que não tivesse fim

insanidade

qual o limite da sanidade
posso pular desta corda bamba
cair em um rio de águas amargas
que escorrem pelo meu rosto,
trêmulo e descolorido,
e me perceber flutuando
num looping atemporal
chamada insanidade

aperto

faz tempo que o tempo não é o mesmo

repara que o sono não repara mais

já não sonho como sonhava antes

os sonhos ainda são seus

mas o abraço agora é aperto

tão justo que dói o peito

poço

de um poço de culpa
tão fundo, mas tão raso
transbordam lágrimas
tão demasiadamente densas
que à deriva acabo estar

papel

confinado numa prisão
neste pesadelo de ilusão;
de papel são estas grades
frágeis e delicadas,
talvez sejam apenas
palavras mal contadas.

derrota

explodem reflexões psicológicas
dilaceradas dentro de mim
eclodem antagonistas mentais
ocupando terras que jamais dominei
épicas batalhas no invisível
eu perdi

visitas

não tarda noite sem visitas
em sonhos intangíveis
sinto um abraço apertado
desprovido de força
mas capaz de me (des)acordar

vazio

vazio fica o coração
ao ser encarado como
um rosto penoso
cheio de sentimentos